Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Julho 17, 2003

Guterradas

Miguel Marujo

Tinha prometido a mim mesmo que não voltaria a utilizar este espaço para responder a afirmações feitas por outros bloguistas cibertúlicos, mas há momentos em que é preciso não cumprir as promessas.



Diz o Zé Salvado que viu ontem o Guterres e que este lhe provoca nojo. E que, não sei se por isso mesmo, prefere engolir um sapo do tamanho do mundo e votar Cavaco nas presidenciais. A talhe de foice (sem martelo!), o Zé também insinuou que as pessoas que não trabalham têm reuniões. O que, acrescento eu em tom de defesa, não é o mesmo que dizer que quem tem reuniões não trabalha. Ou será que é?...



O Miguel, enquanto ia falando da Ucrânia e da sua empregada, disse ao Zé, por outras palavras, que preferia comer mil sapos a votar no Cavaco. O que, confesso, é uma imagem que me provoca a mesma sensação que o Guterres provocou ao Zé.



Depois, o Zé respondeu. Disse que quem foge e faz birra não é líder e que a cobardia não tem perdão. E que a tal discussão gastronómica que envolvia sapos (um ou mil) é uma questão de coluna vertebral. Confesso que fiquei baralhado, porque não sabia que a coluna vertebral fazia parte do sistema digestivo... mas um homem está sempre a aprender!



Eu sei que o Zé Salvado não é aquele Zé que o Durão Barroso uma vez encontrou na rua e lhe contou uma série de tangas... Mas bem podia ser! Se virmos bem, isto do Guterres provocar nojo no Zé já não é de agora!

Eu cá ando desconfiado que foi com medo do Zé que o Guterres bateu em retirada, não seguindo o bom exemplo desse grande líder que foi D. Sebastião. A esse sim, estou certo, não hesitaria o Zé em entregar o mais alto cargo da Nação que, de resto, já lhe pertenceu! Lembrem-se: um líder não faz birra e não foge! Se não acreditarem, perguntem ao Fidel!



De gastronomia não falo mais, que a hora do jantar aproxima-se a passos largos. Mas sempre vou dizendo que a Tatiana é que tem razão: mais vale um croquete frio antes de ir para a cama, do que um sapo antes de ir votar!





P.S. - Já agora, deixem-me dizer mais uma coisa: se é verdade o que o Zé diz, que "o tonto do portuga é o único que pensa altruisticamente", então fico contente! Pelo menos numa coisa, o "tonto do portuga" é que tem razão! E fica já o aviso: quando ele se candidatar a alguma coisa em que eu possa votar (a NATO não conta!), tem o meu voto! Sem sapos...

Julho 17, 2003

Croquetes na blogoteca

Miguel Marujo

Não tenho o estômago irritado e baralhado com croquetes, como a Tatiana às voltas na almofada. Mas quem me dera ter já o ADSL em casa. Escusava de me perder analogicamente em downloads demorados do mundo dos blogues. E se o Abrupto irrompe rapidamente pelo ecrã (Pacheco Pereira já se confessou estudante de HTML), outros como o blogue de José Mário Silva (com quem troquei umas mensagens simpáticas sobre o DNA, as suas bloguices e a blogosfera, a que prometo voltar depois com calma) atrapalha-se mais na abertura da página - e que já motivou algures na blogosfera um comentário pernicioso sobre a esquerda!

Mas, dizia eu, sem ADSL (passe a publicidade, neste link), não consigo perder-me mais do que queria. E aproveito este fim de tarde, para lá da hora de saída do jornal, para navegar mais um pouco. E leio, surpreendido, blogues fantásticos.

Há quem defenda que se devia olhar mais para este mundo (que muito pouca gente conhece, constatava Ana Sá Lopes, no Público de domingo). E Pacheco Pereira - já é mania! agora volto sempre a JPP, como se assina neste reino - defende hoje no Público - também é mania, mas esta vocês já a conhecem! - que «a blogosfera devia ter um "depósito obrigatório" imediato. Os blogues, enquanto formas individualizadas de expressão, originais e únicas, são uma voz imprescindível para se compreender o país em 2003». Exija-se já uma blogoteca!

Julho 17, 2003

Croquetes para pensar

Miguel Marujo

Já a convidei para a Cibertúlia, mas tem-se feito rogada. É minha camarada no jornal (fica sempre bem recuperar este arcaísmo no tratamento entre jornalistas), mas também tem prosas soltas por aí - na magnífica «Egoísta» e na «Voz da Póvoa». Deste jornal local, com a devida vénia e o seu assentimento, reproduzo a última crónica. A ver se é desta que a Tatiana Alegria chega à Cibertúlia.



Do Conhecimento. Tatiana Alegria.



Ninguém percebe nada do que se passa à sua volta. Se tivéssemos testes sobre o decorrer do nosso dia antes de irmos para a cama, chumbávamos todas as noites. Exemplo: li um livro. Gostei do romance. Até comentei o facto com alguns amigos.



– Adorei o “Equador”.

– Ai sim? Não é muito grande?

– Não, lê-se bem.



Dediquei seis palavras à análise dum livro que deve ter demorado mais de um ano a ser escrito. Se a minha almofada me tivesse obrigado a rabiscar uma composição de 400 palavras sobre as alterações que a história sofreria desenrolando-se em Nova Orleães em vez de S. Tomé, aí sim, teria dado voltas à cabeça.



Seria necessário repensar aquelas páginas de prosa, consultar um mapa para ver que mar molha os pés daquela cidade norte-americana. Talvez depois de ter ido ao frigorífico buscar uns croquetes frios para apaziguar o estômago, até me viesse uma inspiração. Talvez até ficasse acordada mais duas horas do que o habitual, escangalhando toda a minha rotina do dia seguinte em nome deste exercício que não me paga a renda. Mas muito provavelmente não teria grande nota.



Porquê?, pergunta-me o estômago, irritado e baralhado com os croquetes.



Porque passar no exame da almofada, significaria que tinha compreendido mais de 50 por cento do romance do Sousa Tavares. Por mais que isso pareça pouco, metade é muitíssimo. Pensem num bolo de noiva. Agora imaginem comer metade. Mas nós não fazemos estes testes à noite. Não somos capazes. Daríamos em doidos. Porque não seria uma composição, mas várias. Sobretudo o que tínhamos visto, lido e ouvido. No entanto, mesmo apanhando sempre com negativas, valeria a pena.



Porque comeríamos uma fatia de conhecimento.



A jornada resume-se numa frase. O nosso interlocutor raramente exige desenvolvimento porque também está cansado do que não aprendeu. Quando o pede, nós lá rematamos:



– Pá, nem queiras saber.



E como o pá não está interessado, lá sugere uma ida à esplanada para saborear uma cerveja e uns caracóis.

Julho 17, 2003

Fidelidades perdidas

Miguel Marujo

Estão actualmente detidos nas prisões de Cuba 88 prisioneiros de opinião, o que faz o regime de Fidel Castro bater um recorde mundial, diz um relatório publicado segunda-feira pelo grupo dissidente Comissão Cubana dos Direitos do Homem e da Reconciliação Nacional (CCDHRN, ilegal), elaborado a partir dos relatórios da Amnistia Internacional.

Tem razão o Diogo: há fidelidades que não podem ser mantidas. Nem apoiadas.



Pacheco Pereira analisa, numa perspectiva interessante, uma série de que vi um ou dois episódios - Cambridge Spies (às terças, 23h, na RTP2). Mas o que me traz (orfão de «Sopranos» e «Sete palmos de terra») é uma série na SIC Mulher (sim, vejo!) que não conhecia de outras paragens: «Um dia de cada vez» (passou ontem, quarta-feira, pelas 23h), julgo que é o tí­tulo português (e escapa-me o tí­tulo original). O quotidiano de um hospital dá algumas pistas sobre alguns temas quentes da actualidade: aborto, eutanásia, uso de embriões,... Vale a pena passar os olhos e reflectir.

Outra que só agora prestei atenção: «Palmeiras Bravias/Wild Palms», produzida por Oliver Stone, na SIC Radical (deu esta noite algures à uma da manhã!): desconcertante! Fez-me entrar algures na "twilight zone" de Twin Peaks.

Julho 17, 2003

Sapos

Miguel Marujo

Miguel,



Como bem sabes um dos valores que mais prezo é o da responsabilidade.

Sempre fui educado a dar a cara e a assumir até ao fim as consequências dos meus actos.

Efectivamente não posso exigir menos a um putativo candidato presidencial que a mim próprio.

Não entendo como a alguém pode passar pela cabeça votar em António Gueterres.

Eu nem a associação de condóminos lhe entregaria quanto mais o mais alto cargo do país.

E a razão é simples: quem foge e faz birra não é líder.

Os erros desculpam-se, vejam o caso de Mário Soares. Mas a cobardia não pode ter perdão.

É uma questão de coluna vertebral. Daí o engolir o sapo.

Espero sinceramente que o PS entenda que António Guterres não é candidato a coisa nenhuma e nem sequer me coloque este dilema.



No outro dia ouvi uma entrevista do nosso Comissário Europeu António Vitorino.

O homem anda tonto, então não é que diz preto no branco que não é está lá para defender os interesses de Portugal, mas sim para defender os interesses de todos os europeus!!!

Se isso fosse verdade, que os comissários defendem o interesse comum, então a questão da sua nacionalidade não se punha e todos os comissários podiam ser alemães ou italianos.

Afinal o tonto do portuga é o único que pensa altruisticamente, que vá para a bardamerda!!!

Era preferível que jogasse golfe como o Deus Pinheiro e não fosse tonto como é.

Julho 17, 2003

Cuba

Miguel Marujo

Ontem foi a vez da Celia Cruz...

Cuba está a ficar cada vez mais pobre...

Quando é que chegará a vez do Fidel?

Julho 17, 2003

Coachares

Miguel Marujo

Regresso à  Ucrânia. A Oksana (falei dela no "post" anterior) desconfiou da "origem" ucraniana do álbum que lá tenho em casa (de que falo também no anterior "post") - e fez bem. O álbum é de um grupo inglês, apadrinhados por um ucraniano: «The Wedding Present's next effort came completely out of left field: titled Ukrainski Vistupi v Johna Peel, the collection brought together Peel session dates with a sampler of traditional Ukrainian folk tunes inspired by Salowka's father.» Fica o esclarecimento - e o convite à descoberta.



Sapos. Julgo que o sapo que o Zé se dispõe a engolir não se transformará em príncipe encantado. Uma refeição de mil sapos chamados António será ainda assim menos indigesta que uma fatia de bolo-rei!