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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Julho 07, 2003

durao@meco.bp

Miguel Marujo

Boas!



Em primeiro lugar, deixa-me dizer-te, Miguel, que não te imaginava no Meco... Pelo menos não te imaginava no Meco, a bombar ao som de Björk e de Moby! Mas fico contente! Eu próprio gostaria de lá ter ido aliviar tensões e gastar calorias, apesar do pó e dos engarrafamentos!



Em segundo lugar, deixa-me também dizer-te que não devias duvidar tanto do Durão Barroso. Se ele diz que o país já está a sair da crise, lá terá as suas razões. Compreendo o teu cepticismo, sobretudo depois das declarações do Vítor Constâncio, mas a verdade é que o Durão, aqui há uns tempos, também anunciou que o país estava de tanga... e ficou mesmo! Portanto, se ele diz, talvez seja melhor acreditar... embora o Banco de Portugal diga que não e ao comum dos mortais lhe não pareça, não sei por que artes mágicas, mas cheira-me que o dinheiro vai começar a aparecer...



Talvez tenha a ver com o rigor orçamental da Manuela Ferreira Leite ou com a recuperação das economias internacionais ou com o esforço de poupança das famílias e das empresas portuguesas ou com a magia do novo livro do Harry Potter ou, quem sabe?, com as últimas sondagens que davam maioria absoluta ao PS... mas cheira-me que o discurso terceiromundista, da miséria e da desgraça está prestes a dar lugar ao novo oásis e à terra prometida.



Ainda bem! Talvez assim, possamos voltar a gozar sem vergonha esses pequenos luxos que são os novos estádios de futebol, os telemóveis de última geração ou o fogo-de-artifício da Björk. De vós não sei, mas eu acho que já merecia!

Julho 07, 2003

Björk

Miguel Marujo

1. Este fim-de-semana foi sinónimo de Björk: fantástica, fabulosa, sublime. Do fogo-de-artifí­cio ao «obrrrrigado» exótico houve de tudo. Mas houve sobretudo música interpretada de uma maneira assombrosa, sem artificialismos.



2. Artificialismos são aqueles que povoam os manuais escolares americanos, expurgados de qualquer referência considerada ofensiva para minorias: «gordo», «coruja», entre outras palavras muito perturbadoras para os estudantes americanos, não podem ser aprendidas. O fenómeno é provocado pelos extremos - de direita e de esquerda - que pressionam as autoridades para evitar desvarios. Não admira que o Bush venda uma mentira, e todos caiam nela.



Mas há uma deliciosa: Deus foi banido (alô, constituição europeia?!) porque é uma ofensa para os não cristãos. Isto no país em que o seu Presidente invoca Deus para fazer a guerra.



Cito do Público, a lista completa:

- Actriz (palavra considerada sexista; usar actor para os dois sexos)

- Adão e Eva (usar "Eva e Adão", para mostrar que os homens não têm precedência)

- Anão (usar "pessoa de reduzida estatura")

- Deus (banida por ter ser discriminatório para os não cristãos)

- Diabo (idem)

- Dogma (considerada etnocêntrica, usar doutrina)

- Escravo (substituir por "escravizado")

- Gordo (usar obeso ou pesado)

- Homem Cro-Magnon (usar "pessoas Cro-Magnon")

- Iate (banida, considerado elitista)

- Maluco, Doido (usar "pessoa com problemas emocionais")

- Leste, Oeste (consideradas eurocêntricas quando usadas para descrever regiões planetárias, usar apenas os nomes de continentes)



· temas a evitar em textos de manuais

- Magia, sobrenatural

- Morte

- Aborto

- Doenças

- Teoria da evolução

- Religião

- Questões militares

- Desporto

- Terminologia agrícola, financeira, jurídica, científica

- Polí­tica

- Estilos musicais "controversos" (rap, rock n' roll)

- Desemprego

- Criaturas "assustadoras" ou "sujas" (ratos, morcegos, escorpiões)



·livros banidos

- "Huckleberry Finn", Mark Twain

- "Não matem a cotovia", Harper Lee

- "Admirável Mundo Novo", Aldous Huxley

- "Uma agulha no palheiro", J. D. Salinger

- "Adeus às Armas", Ernest Hemingway

- "Diário", Anne Frank

- "As vinhas da Ira", John Steinbeck

- "Voando Sobre um Ninho de Cucos", Ken Kesey

- "Fahrenheit 451" (ironicamente, um livro cujo tema é a censura), Ray Bradbury

- "Harry Potter", J.K. Rowling