Abril 17, 2013
O mal apressado
Miguel Marujo
Não há ainda nomes a quem apontar a carnificina (mesmo que, até agora, haja só três mortos) de Boston. Na cidade que percorremos num outono de chuva, em que os esquilos brincavam no parque e as folhas das árvores se toldavam naquelas cores vibrantes que o cinema nos apresentou tantas vezes, o comentário que teremos mais vezes repetido era o de nos sentirmos em casa (não apenas pelo acolhimento do A., que ontem nos dizia estar bem), mas sim por aquelas ruas nos parecerem tão europeias. Não é isso que nos faz sentir mais próximos da tragédia. É antes a história do Martin, 8 anos, morto enquanto esperava ver o pai a cortar a meta ao fim de quatro horas de corrida. Ou de tantos outros que viram a alegria explodida por pregos assassinos. Há um mal presente que, venha de onde vier, é «hediondo», disse Obama. Seja interno ou externo o inimigo, este mal não entende que nada justifica estes meios. Na hora de descobrir quem, esperemos que não haja pressa em pagar nessa moeda. O mal de quem desconhece a democracia não pode nunca ser combatido pela democracia com as mesmas armas de ódio.