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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Agosto 11, 2011

Os custos devastadores da recusa de mudar de rumo*

Miguel Marujo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se a erupção desta semana é uma expressão de criminalidade pura e não tem nada a ver com o assédio policial ou o desemprego dos jovens ou a desigualdade desenfreada ou aprofundamento da crise económica, por que razão isto está a acontecer agora e não há uma década?

(…) Os distúrbios surgiram no que é hoje, de acordo com alguns indicadores, a cidade mais desigual do mundo desenvolvido, onde a riqueza dos 10% mais ricos é 273 vezes maior do que dos 10% mais pobres, atraindo jovens que viram as suas bolsas de estudo talhadas, ao mesmo tempo que o desemprego dos jovens atingiu um nível recorde e as vagas universitárias estão a ser cerceadas sob o peso de uma triplicação das propinas.

Os políticos e os media dizem que nada disso tem a ver com os adolescentes sociopatas que partem vitrinas de lojas para roubar plasmas e ténis. Mas onde exactamente é que os manifestantes foram buscar a ideia de que não há valor maior do que adquirir riqueza individual, ou que produtos de marca são o caminho para a identidade e o auto-respeito?

(…) Já se tornou claro que a Grã-Bretanha não está em condições de absorver a austeridade que está a ser imposta, depois de três décadas de capitalismo neoliberal que quebrou tantos laços sociais do trabalho e da comunidade.

(…) O que estamos a assistir agora em várias cidades da Inglaterra é o reflexo de uma sociedade assente na ganância - e a derrota da política e da solidariedade social. (…) Estamos a começar a ver os custos devastadores da recusa de mudar de rumo.

* Seumas Milne, The Guardian [via Ladrões de Bicicletas]