Julho 31, 2010
Cábulas
Miguel Marujo
Se durante dois anos eu andasse a engonhar com 27 perguntas para fazer a um qualquer político ou empresário ou quem quer que fosse que estivesse mandatado para entrevistar, o meu director devia ficar um tudo nada chateado que eu não conseguisse fazer uma única questão a esse mesmo entrevistado. O mais certo era ser avaliado negativamente, ou - na nomenclatura passista - corria sérios riscos de o meu director ter uma razão atendível para me pôr no olho da rua. Interessante notar que há agora uns senhores (que até têm prerrogativas bem mais assertivas que as da minha carteira profissional) que não conseguiram fazer esse mesmo exercício durante dois anos. De que se queixam então? Falta de tempo. E logo uma massa ululante vocifera contra manipulações da justiça, quando os referidos senhores é que cometeram a maior asneira de todas: não fizeram o trabalhinho de casa, e quais cábulas que chegam ao fim do teste com as folhas em branco desculparam-se com o toque da campainha. Haja paciência.