Agosto 19, 2009
O Público e o seu espelho
Miguel Marujo
«É possível enganar alguns todo o tempo, e enganar todos algum tempo. Não se pode enganar todos todo o tempo.»
A frase foi colocada no twitter por José Manuel Fernandes, nos dias em que a direcção do Público andou a ameaçar os seus jornalistas para aceitarem a redução de salário. A frase é eloquente, não sendo dele, e muito verdadeira. Passada a melancolia do director do Público, ele veio da serra de Sintra disposto a continuar, pelo menos até 27 de Setembro, aquilo que tem sido a linha de acção do "seu" Público. Basta ver o que escrevem esta noite nos seus twitters: convencidos que criaram um facto político com uma mão cheia de nada. É esta a imagem do jornal que já foi o melhor deste país e que se podia ler ao nível do melhor da imprensa no mundo. Hoje, o problema está localizado, mas depois de sucessivas purgas, despedimentos e remodelações, só JMF não percebeu que ele é o problema. O mesmo JMF que diz que, ao fim de quatro anos, Sócrates deve partir porque é o problema e não a solução, não se olha ao espelho em relação ao jornal que dirige há muitos mais anos e que é uma pálida amostra do que foi.
[Declaração de interesses: o meu irmão é jornalista do Público, com reconhecimento internacional e nacional pelo seu trabalho. Não faz ideia que escrevo isto. Mas também registarei o que houver.]