Julho 01, 2009
Breve crónica de um dia diferente de férias
Miguel Marujo
Chega-se a Mostar percorrendo o vale do Neretva, quase desde a sua foz. Atravessada a fronteira - mera formalidade que uma agente da polícia bósnia cumpre perante o passaporte da União Europeia, mesmo que o português a prenda mais tempo que o inglês - inicia-se um troço em que a intolerância ainda se escreve nas placas toponímicas. O cirílico apaga-se sob a tinta apressada, Ortiješ apenas se lê no alfabeto latino.
Em Mostar, um simples jardim público é hoje um cemitério, como na entrada da cidade, com quintais de campas, parques de jazigos. A pedra branca, o crescente islâmico - algumas cruzes. O trânsito corre num dia de chuva, os rostos fecham-se ali ao lado.
"Don't forget", lê-se a caminho da ponte que simboliza a cidade, que ilustra a guerra da Bósnia-Herzegovina. Não se esquece, mesmo.
Ortiješ e Mostar, Bósnia-Herzegovina
(fotos MM, Jun/09)