Novembro 14, 2008
Fábula de liberais encartados
Miguel Marujo
Um dia ele acordou e a empresa onde dá o litro achou que era redundante. Foi para o desemprego, mas não se preocupou: se a minha empresa achou que eu era redundante, ainda bem. Começou a bater à porta de muitas empresas, e todas lhe diziam: amigo, és redundante, não temos trabalho para ti. Acabou-se o subsídio ao fim de 18 meses (tinha descontado o suficiente para isso, apesar de tudo), mas manteve-se estoicamente à procura de uma empresa que não afunilasse os seus postos de trabalho (a contenção de custos é isto).
De manhã, ele acordou. Tinha tido um pesadelo, mas não se preocupou, e sentou-se ao computador e escreveu um comentário inspirado no Jugular: acabe-se com os redundantes. Hordas de desempregados: são betinhos, companheiros ou o que for, sentadinhos no Banco de Portugal sem fazer nenhum. (Será assim? Quantos serão dispensáveis?)
Depois, sentenciou: "não tenho nenhuma (zero) benesse do estado". E nem pensou nas estradas que usa, nos transportes, nos hospitais que o socorrem, nas escolas que educam, nos museus que formam, nas polícias que patrulham, nos bombeiros que apagam fogos, nos militares que defendem, ... Que digo eu? Isto tudo é redundante: PRIVATIZE-SE o país. Nem mais um tostão a sair da Casa da Moeda.