Julho 01, 2008
A advogada da EDP
Miguel Marujo
Fixe este nome: ERSE. É a sigla da entidade que regula os sectores energéticos. Mas, nos últimos dias, só temos motivos para desconfiar das propostas da dita entidade reguladora.
Primeiro, a ERSE sugeriu que os clientes que pagam as suas contas sejam obrigados a pagar ainda as dívidas incobráveis da EDP. Agora a entidade quer actualizar os preços a cada três meses para evitar "situações de défice para a empresa".
Olhemos para o "défice" da eléctrica. Uma rápida pesquisa na Internet por "lucros da EDP", devolve-nos resultados animadores - mas só para os seus cofres: em 2006, o "resultado líquido da EDP subiu 83,8% nos primeiros nove meses do ano". No primeiro semestre de 2007, os "lucros da EDP sobem mais de 12% para 422 milhões". Já este ano, "analistas estimaram que o lucro da EDP terá diminuído" no ano passado. OK. Mas leia a seguir: "Para 923,7 milhões de euros" (repita se não acredita). Uma quebra de 1,9%, por causa do plano de reestruturação e venda da participação na REN.
Conclusão: a ERSE é a advogada de defesa da EDP. O consumidor passa bem sem esta regulação.
[crónica no 24horas a 19/6/08, a propósito do post sobre o novo desmando da EDP e que quanto a mim responde a algumas das observações nos comentários a esse post, nomeadamente os de Helena e de "123 de Oliveira 4"]