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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Janeiro 29, 2012

Uma foto, um congresso

Miguel Marujo

Fotografia © Pedro Rocha/Global Imagens

 

Esta imagem vale um congresso. Sexta e sábado acompanhei o conclave da CGTP, como jornalista, e pude ver ao vivo um momento histórico. A saída de alguém que teve tempo para (durante longos 25 anos) construir uma central sindical que se foi libertando de um espartilho partidário, que tentou condicionar muito a ação dessa central, e a entrada de alguém que terá não mais do que oito anos para responder ao "preconceito anticomunista" (como Arménio Carlos classifica as críticas que lhe dirigem por agora acumular a sua função de secretário-geral da Intersindical e ser membro do comité central do PCP).

 

Esta imagem vale um congresso: no primeiro dia, momentos antes da sua intervenção, Carvalho da Silva alinha as notas de um discurso que, apesar das violentas críticas ao acordo de concertação social e às políticas do Governo, soube ler sinais diferentes de um mundo a preto e branco (e relembrar a esperança que uma eleição de Obama trazia, por exemplo). No final, Arménio teria uma palavra para Carvalho da Silva, mas apenas diluída na coletiva menção dos "camaradas" que saíram. Muito pouco para reconhecer que - apesar de uns mais mediatizáveis que outros, como Arménio fez questão de sublinhar várias vezes -, Carvalho da Silva deu muito ao sindicalismo português. Independentemente do lado da barricada.

Janeiro 24, 2012

O olhar de Ulisses que se fina

Miguel Marujo

 


ATHENES, 24 jan 2012 (AFP) - Le réalisateur grec Theo Angelopoulos, décédé mardi soir à l'âge de 76 ans après avoir été renversé par un motard dans la rue au Pirée, près d'Athènes, a incarné à partir des années 1970 le Nouveau cinéma grec, qui a émergé après la dictature des colonels.



Janeiro 21, 2012

Sol enganador

Miguel Marujo

Este sol a pôr-se que aqui ficou é enganador: as nuvens cinzentas toldaram os céus, com um acordo de concertação social que concerta tudo contra os trabalhadores sem apelo nem agravo, apenas com muita subjetividade e ambiguidade. "Histórico": sim, é. Para o mal. O tempo vai mostrar como.

Janeiro 18, 2012

Este dia despediu-se assim

Miguel Marujo

 


Fundação Champalimaud e Belém, 17/1/2012.

 

Há 40 anos, a primeira página do Diário de Notícias deste dia, dizia que "uma 'superfície frontal' veio passar o domingo a Portugal: chuva e vento em todo o país".

Janeiro 17, 2012

4h30, 40 anos depois.

Miguel Marujo


I waited patiently for the Lord
He inclined and heard my cry
He brought me up out of the pit
Out of the miry clay

I will sing, sing a new song
I will sing, sing a new song
How long to sing this song?
How long to sing this song?
How long, how long, how long
How long to sing this song?

He set my feet upon a rock
And made my footsteps firm
Many will see, many will see and hear

Janeiro 16, 2012

Leituras

Miguel Marujo

Ainda há dias aqui defendi que os blogues não estão mortos. Reinventam-se, depois da euforia juvenil dos anos iniciais. Mais um exemplo: Acordo Fotográfico (um achado, este nome), que nos traz leitores nas ruas. "Roubo" uma foto de Sandra Nobre, a feliz autora de uma página feliz...

 

 

foto de Sandra Nobre


«Há já algum tempo que acalento a ideia de sair por aí a retratar aqueles e aquelas com quem me cruzo no dia a dia, enquanto leem. Felizmente, são cada vez mais: nos transportes, nos cafés, nos jardins, em qualquer sala de espera - há cada vez mais gente a ler.»

Janeiro 13, 2012

Desnatar

Miguel Marujo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Há um erro de apreciação no produto português a exportar. O frango de churrasco do Nando's (que entusiasmou o ministro canadiano da Economia) nasceu na África do Sul e espalhou-se pelo mundo, Canadá incluído, o que terá motivado Álvaro, mas o pastel de nata já foi visto em Londres, Bruxelas, Xangai, Taiwan e, pasme-se, Toronto. O que acontecerá com este rapaz é que não está organizado em cartel, num qualquer Tony's cream. Nisto o Álvaro, se calhar, já anda a precaver futuros mais desnatados.

Janeiro 11, 2012

Os blogues que ainda são (de) descoberta

Miguel Marujo

O facebook é o blogue instantâneo que entra pelo nosso ecrã. Foi o blogue do ano em 2010 para o Tiago, que ainda nos alimenta com o seu pão de cada dia a voz do deserto. Em 2011 será de novo o "blogue do ano", mas a vitalidade dos blogues-blogues mantém-se imparável. Escuso de nomear os que me vão deixando ko, pela sua leitura (estão aqui ao lado e seguem pelo ecrã abaixo). Há quem se diga cansado, que não lê, que não sei o quê, mas há pequenas coisas que ainda vamos vendo e lendo que nos fazem acreditar nos blogues.

Deixo três exemplos de posts em final de 2011 e um blogue que tentou resumir o ano. Quatro boas ideias:

- a playlist de Pedro Passos Coelho

- carta de Natal de um emigrante para o primeiro-ministro

- carta aberta ao senhor primeiro-ministro

e

- 2011 visto pelos Blogs.

 

Não faço listas do ano que passou; não vi filmes em salas, não ouvi todos os discos que queria, nem li tudo o que acho merecedor, blogues incluídos; por isso, recordo 2011 naquilo que me interessa, nas coisas e pessoas que merecem ser citadas. A destempo, aqui vou deixando notas dos dias que passaram no ano passado.

Janeiro 10, 2012

Querem sustentabilidade da segurança social?

Miguel Marujo

Eduardo Catroga reformou-se em 2007 com uma pensão de 9693 euros por mês. Leu bem: 9693 euros por mês. Pois o senhor ainda não está reformado! Foi agora escolhido para a EDP onde todos nós lhe pagaremos 639 mil euros por anos. O senhor já veio cuspir na sopa e lamentar-se que pagará metade em impostos. Esquece-se que continua a ganhar o que 98% da população não ganha. Em todo o caso, acho que o que isto devia significar é só uma coisa: o Estado devia suspender-lhe a reforma milionária - está a trabalhar! Depois, quando se reformasse a sério, voltava a pagar-lhe. Querem sustentabilidade da segurança social? Podem começar por aqui.

 

 

[A obscenidade das nomeações da EDP tem vários exemplos destes reformados de luxo. Paulo Teixeira Pinto é outro. ]

Janeiro 10, 2012

Os homens da EDP

Miguel Marujo

«Estes são os homens que, nos últimos anos, nos explicam que o emprego seguro tinha chegado ao fim. Que defendem a meritocracia. Que cospem no papel do Estado (aquele que se faz com transparência e regras claras, não este que vive da troca de favores e de cromos) na economia. Que olham para os portugueses como se eles fossem um meninos mimados habituados a vida fácil. Vivem num País muito especial. Nesse País, não há carreiras, não há mérito, não há a ansiedade do desemprego e da penúria. Há acumulação de mesadas. Seja no público ou no privado, vivem entre a política e os negócios para se pendurarem no trabalho dos outros. São os avençados da Nação. Recebem um rendimento máximo garantido por nos venderem a austeridade que nunca irão conhecer. Liberais de pacotilha, vivem de expedientes enquanto afundam, há décadas, as esperanças de um povo que trabalha.» [Daniel Oliveira]

Janeiro 09, 2012

Agola vai passal a sel tudo muito mais balato

Miguel Marujo

«As nomeações para a EDP são um mimo. Catroga, Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira, Braga de Macedo... isto não é uma lista de órgãos societários, é a lista de agradecimentos de Passos Coelho. O impudor é tão óbvio nas nomeações políticas que nem se repara que até o antigo patrão de Passos, Ilídio Pinho, foi contratado. [...] O problema é que, enquanto isso, milhões de portugueses estão a perder salários, empregos, a pagar mais impostos, mais pelas rendas ou pela saúde. Estas nomeações são uma provocação social. Porque enquanto muitos tratam da sua vida, alguns tratam da sua vidinha. [...]» [Pedro Santos Guerreiro]

Janeiro 07, 2012

A voz que caminha connosco

Miguel Marujo

 

David Sylvian escreveu a Pop Song mais anti popsong que podemos ouvir, mas a sua música é pop de primeira água. A cada álbum, baralha-nos os sentidos: as programações, o experimentalismo sonoro ou o lirismo musical cruzam-se em perfeita sintonia. Em álbuns de originais, de canções ou instrumentais, ou entregando as suas criações à recriação de outros, Sylvian não necessita de estar nas listas do ano para ser sempre ouvido por cá. Died in the Wool foram em 2011 as variações de Manafon de 2009, mas a novidade permanece indelével.

 

Não faço listas do ano que passou; não vi filmes em salas, não ouvi todos os discos que queria, nem li o que acho merecedor; por isso, recordo 2011 naquilo que me interessa, nas coisas e pessoas que merecem ser citadas. A destempo, aqui vou deixando notas dos dias que passaram no ano passado.

Janeiro 05, 2012

De Janeiro a Janeiro

Miguel Marujo

Repare-se: para mim não está em causa que tecnicamente a decisão da Jerónimo Martins seja inatacável, como Pedro Santos Guerreiro (e Elisabete Miranda) nos explica(m). O que para mim conta é que Soares dos Santos nos tenha andado a bater, como portugueses, classificando sempre de forma pouco meiga comportamentos e alegadas falta de empenho, produtividade e outras expressões que estes senhores debitam, ditos com uma banalidade confrangedora, como se comprova em vídeos apanhados ao acaso na internet. Dito isto: frei Tomás não deve ser invocado, nunca, por quem nos andou a atirar à cara com um moralismo aviltante e agora foge às suas responsabilidades morais.

 

É isto: o senhor pode ter as contas todas certinhas e continuar a pagar parte dos impostos cá, mas não se diga (e aqui critico PSG) que «é assustador ver tanta opinião instantânea sobre o que se desconhece». Nisso, Soares dos Santos foi o filho pródigo. Sabe-lhe bem agora pagar tão pouco.

Janeiro 05, 2012

Dom Quixote e Sancho Pança caminham mais sozinhos

Miguel Marujo

Júlio Resende - desaparecido em 2011.
Não faço listas do ano que passou; não vi filmes em salas, não ouvi todos os discos que queria, nem li o que acho merecedor; por isso, recordo 2011 naquilo que me interessa, nas coisas e pessoas que merecem ser citadas. A destempo, aqui vou deixando notas dos dias que passaram no ano passado.

Janeiro 03, 2012

Não há desculpa para a desigualdade na austeridade

Miguel Marujo

«Foi através de Pedro Lains que cheguei ao estudo, os Ladrões de Bicicletas deram conta dele dias depois e ontem, quando já trabalhava o tema, numa coincidência que afirmou a sua inevitabilidade, entrou-me na caixa de correio um artigo do Financial Times sobre o assunto: Portugal, o país mais desigual da Europa, foi aquele onde a austeridade aplicada pelo Governo foi mais regressiva em termos de distribuição de rendimentos. Ou, dito de outra forma: Portugal é o único país onde a austeridade exigiu mais aos mais pobres.» [Rui Peres Jorge]

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