Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Março 31, 2011

5 de Junho

Miguel Marujo

Novas eleições a 5 de Junho. E o Presidente da República a estragar mais uma vez a minha vida com esta data. A culpa é de quem? De Cavaco, claro.

Março 31, 2011

Espaço 2011

Miguel Marujo

Andam todos a enterrar alegremente o País. Sem excepção: o ministro das Finanças, que não acerta uma previsão; o líder da oposição que diz em inglês o que não tem coragem de dizer em português; as agências de rating que não foram eleitas por ninguém mas mandam mais nas nossas vidas que os governos; a Angela Merkel preocupada com as suas eleições... O susto é tal que só apetece sair daqui para fora. Ainda não há voos espaciais, pois não?

Março 29, 2011

Uma boa notícia para Cavaco

Miguel Marujo

«A dissolução da Assembleia da República, que se deverá concretizar no máximo até 11 de abril, vai levar ao cancelamento da habitual sessão solene comemorativa do 25 de Abril, informou hoje a porta-voz da conferência de líderes.» (Lusa)

Março 25, 2011

Census-rado

Miguel Marujo

Estamos a 25 de Março, 23h00, mais um dia em que a rapaziada do INE não veio cá nem deixou os papéis na caixa de correio. Não moro nas berças, nem sou sem-abrigo, vivo no centro de Lisboa, a meia dúzia de metros do Conselho de Ministros. Depois ameaçam que posso ser multado, se entregar fora de prazo, quando eu próprio receberei completamente fora de prazo a papelada. Critérios.

Março 24, 2011

Os ricos que paguem a crise e o rapaz de Massamá

Miguel Marujo

[A 1 de Setembro de 2010 fui convidado a escrever umas coisas no Delito de Opinião. Hoje, relendo o texto, noto que ganha uma actualidade visceral. Porque, ao contrário de Manuela Ferreira Leite que anda a dizer que teve razão - que não teve nem tem -, eu prefiro dizer que isto tudo não promete nada de bom. Porque o que ameaça aí vir é pior.]

 

 

Agora que só se sai à rua de cravo na mão a horas certas, fica arrumada na memória a frase tantas vezes pintada nas paredes, os ricos que paguem a crise, mesmo que agora ela permaneça actual. É verdade que os ricos deste país, na altura em que frase era mote pichado, se tinham pisgado para o Brasil, regressando anos depois sem grandes mazelas na conta e na sobranceria. Hoje, os ricos confundem-se com um IRS de 40, 42 ou 45 por cento, coisa mal pensada, que belmiros e amorins são poucos nos 45 e zés e marias que chegam aos 40 não podem sonhar com a lista da Forbes – talvez com a foto de férias no Jornal da Noite da SIC. Hoje, os ricos, muito ricos, ganham cada vez mais, um fosso cavado nos anos de ouro dos dinheiros da Europa, que o senhor inquilino de Belém parece hoje renegar no discurso confuso que vai produzindo, e continuado nos anos socialistas socráticos. Pelo meio houve um assomo de justiça social – o rendimento mínimo garantido, hoje travestido em coisa menor e arma de arremesso demagógica (por um PP que trata pelo nome velho o que rebaptizou por não ter coragem de exterminar), depois de portas fechadas a um trabalho mais inclusivo sério. Hoje, aos ricos pedem-se sacrifícios simbólicos, aos que vivem no fim tudo se exige: o corte cego nas despesas sociais, em nome de um défice que só foi atropelando quem pouco ou quase nada ganha. Hoje, nos ricos pode incluir-se uma banca lucrativa como poucas, mesmo na crise, apesar da mão estendida ao Estado, o mesmo Estado que veio cortar nas despesas sociais.

 

Nos ricos só não se pode incluir os políticos – não são ricos, damos de barato e a demagogia feita à maneira pelo CDS que quer cortar nos gabinetes políticos (depois de ter afundado milhares de milhões em submarinos para brincar aos connerys) é própria de quem gosta de falar desta classe como se dela não bebesse. E como se nela nunca tivesse tido a sua dose de gamela. Mas, a mim que me pedem sacrifícios sérios, custa-me não se pedir aos políticos idênticas doses de sacrifício. Ou melhor: exemplos e práticas generosas. A coisa pública que este ano faz 100 anos merece políticos bons, bem pagos, mas generosos. Por isso, quando um bispo pede contributos para um fundo social de coesão, escusa uma certa esquerda de atirar a primeira pedra, lembrando as eventuais fortunas vaticanas ou os maus exemplos eclesiais (que os houve) com as contas e os impostos. Devia antes essa esquerda seguir o exemplo da generosidade (devia escrever caridade, mas é palavra muito maltratada e mal interpretada nos dias de hoje) que os cidadãos são chamados a prestar. E traduzi-los na prática.

 

Dizer isto é bem diferente da inveja do rapaz de Massamá, que diz que é do povo, mas abomina a vista que tem da marquise, que diz que vem do povo, mas almoça no mesmo resort que o outro ocupa ou sonha em ocupar esse mesmo resort no dia em que o outro de lá sair. O rapaz de Massamá é trejeito de cantor com verve para o palco, não serve como alento para quem, sacrificado, sonha com esse resort ou outro em Pipa ou Varadero, uma casa no Parque das Nações ou o cartão de crédito dourado. Esta ideia de riqueza nasceu na escola cavaquista dos anos dourados de betão e auto-estradas e teve discípulos nos pontais dos que saem da praia para jantar vaca estufada, ouvir uns senhores lá de Lisboa e descobrir que um deles até é de Massamá – mas que no fundo não quer dar o exemplo ao viver em Massamá. Quer apenas fugir de lá a sete pés.

Março 23, 2011

Palavra do dia

Miguel Marujo

tontina
(italiano tontina, de [Lorenzo di] Tonti, antropónimo [banqueiro italiano do séc. XVII])
s. f.
1. Espécie de associação mútua em que cada associado contribui semanal ou mensalmente com uma determinada quantia cujo fundo será distribuído pelos sobreviventes quando termine o prazo que se fixou para a duração da sociedade.
2. Quinhão que pertence a cada sócio sobrevivente.
3. Por ext. Operação financeira baseada na duração da vida humana.
 

 
[no Priberam. Tão certeira.]

Março 22, 2011

Ela* também deu reboque a desvarios...

Miguel Marujo

«A antiga líder do PSD e ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite recusou hoje em Bruxelas ter qualquer responsabilidade pela situação económica em que Portugal se encontra recordando que denunciou a situação no passado. "Muito menos como responsável das Finanças me sinto, me possa sentir, responsável por algo que sempre denunciei e em relação ao qual provavelmente nem os políticos nem a comunicação social deram o verdadeiro eco", disse Ferreira Leite durante uma visita ao Parlamento Europeu.» [Lusa]

 

* - ministra das Finanças no Governo de Durão, que por acaso lançou três emissões de dívidas (de cerca de 13 mil milhões de euros) amortizadas pelos governos de Sócrates.

Março 20, 2011

Lágrimas

Miguel Marujo

Paulo Portas chorou, Nuno Melo embargou-se, Nobre Guedes emocionou-se. A rapaziada leva-se a sério, mas no fundo são todos uns sentimentais.

 

 

Actualize-se: vejo agora (dez minutos) o abraço solidário de Avelino Ferreira Torres - uns sentimentais, até nas amizades.

Março 18, 2011

‎"Acredite que não tenho jeito nenhum para mentir" (Sócrates)

Miguel Marujo

«Era uma vez um Pastorinho que costumava levar o seu rebanho para a orla da floresta. Como estava sozinho durante todo o dia, aborrecia-se muito. Então pensou numa maneira de ter companhia e de se divertir um pouco. Voltou-se na direcção da aldeia e gritou:
- Lobo! Lobo!
Os camponeses correram em seu auxílio. Não gostaram da graça, mas alguns deles acabaram por ficar junto do Pastor por algum tempo. O rapaz ficou tão contente que repetiu várias vezes a façanha.
Alguns dias depois, um Lobo saiu da floresta e atacou o rebanho. O rapaz pediu ajuda, gritando ainda mais alto do que costumava fazer:
- Lobo! Lobo!
Como os camponeses já tinham sido enganados várias vezes, pensaram que era mais uma brincadeira e não o foram ajudar. O Lobo pôde encher a barriga à vontade porque ninguém o impediu.
Quando regressou à aldeia, o rapaz queixou-se amargamente, mas o homem mais velho e sábio da aldeia respondeu-

- Na boca do mentiroso, o certo é duvidoso.»

Março 17, 2011

Mais um daqueles iluminados que nos ensinam como se governa o País

Miguel Marujo

«Lloyds de Horta Osório despede 570 trabalhadores

 

O banco britânico liderado por Horta Osório vai despedir mais 570 colaboradores nas divisões de retalho, seguros e recursos humanos. O banco disse ainda que irá recorrer a 'outsourcing' nos serviços de processamento de cheques e de crédito. Citado pela AFP, o líder de um sindicato disse que as medidas serão recebidas com "desespero" pelos trabalhadores, argumentando que a decisão é difícil de aceitar depois dos resultados do banco. Em 2010 o banco teve o primeiro lucro depois de enormes prejuízos em 2008 e 2009. Lucrou 2,6 mil milhões de euros

 

[sublinhados meus, desnecessários, óbvios...]

Março 16, 2011

A parte esquecida de uma entrevista indecorosa que é também chantagista

Miguel Marujo

Sócrates fez este raciocínio/chantagem. Se houver crise política não há PEC, não havendo PEC Portugal cairá nos braços do FEEF/FMI com consequências similares às da Grécia e Irlanda: redução do salário mínimo, acabar com o 13º mês, despedir funcionários públicos e reduzir mais os salários dos funcionários.

 

Como se não fosse isto que ele já andasse a fazer e a preparar-se para fazer.

Março 16, 2011

A parte esquecida de um discurso vergonhoso que é também vergonhosa: a legitimação de uma guerra sem sentido de uma ditadura

Miguel Marujo

«É, aliás, de toda a justiça distinguir a intervenção militar que permitiu que um País com a dimensão e os recursos de Portugal pudesse manter o controlo sobre três teatros de operações distintos, vastos e longínquos. É internacionalmente reconhecida a forma como foi concebida a estratégia da guerra e travados os combates, o que demonstra o esforço do País e dignifica a memória dos seus combatentes.» - Cavaco Silva, de quem se diz ser Presidente desta terra.

Pág. 1/3