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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Março 30, 2004

Obos móis (pausa para a merenda)

Miguel Marujo

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Não sei se repararam, mas a Deco fez um estudo ao pão-de-ló e aos ovos moles de Aveiro. E, nestes, há resultados surpreendentes (pela negativa) sobre mais uma das provas da existência de Deus: a pastelaria Ramos (Avenida) e a Costeira (Peixinho) tiveram problemas pontuais de microrganismos patogénicos (salmonelas). Valha-nos, Maria da Apresentação!

Março 30, 2004

Votar em branco é participar

Miguel Marujo

Embora nunca o tenha feito, já me ocorreu em algumas situações. O significado que dou ao voto em branco é:

O Exercício de um direito que me assiste.

Representa a minha não identificação com as soluções apresentadas.

A problema inerente á proposta de Saramago, é que, no limite, se só houver um a não votar em branco, passa ele a influenciar o modo de vida de todos os outros.

Se a proposta é a discussão do(s) modo (s) democrático, legítimo, estou aberto à discussão. Se entramos no campo da avaliação destrutiva tipo tuga :

"A culpa é do sistema" ; "mudam as moscas"; "são todos a mesma"; "querem é ganhar o deles"; "quem se ... é o mexilhão" , etc. Não contem comigo. Há bons e maus profissionais em todas as áreas e todos os quadrantes, está na altura de se criticar objectivamente indicando os responsáveis, e promovendo aqueles que ao serviço da "coisa pública" (República, lembram-se?) são actores da mudança.

É uma das alternativas de evolução do exercício democrático.

Deixemos de ser treinadores de bancada, ao contrário do que possa parecer, este país é mais do que futebol. O conceito de cidadania é feito em exercício, e não precisamos de ser todos o primeiro-ministro.

Março 30, 2004

«O Senhor estava a chegar»

Miguel Marujo

Todos os dias úteis, a laicidade do Estado é ludibriada na «Praça da Alegria». O inefável «padre Borga» (assim apresentado e chamado no programa de serviço público da RTP1) emite opiniões, graceja piadas e cantarola «o Senhor estava a chegar». Mas a isto os meus amigos do Barnabé não reagem. Preferem meter-se com uns miúdos que deram em copistas da Bíblia. Sem TSF que nos safe, uma RTP mais evangelizadora que a antiga TVI da igreja, viajo até à rádio privada de Tiago Guillul, disponível na Voz do Deserto. Ali, pelo menos, há humor.

Março 30, 2004

Eu já votei em branco. E estava lúcido...

Miguel Marujo

O novo livro de José Saramago, «Ensaio sobre a lucidez», conta a história de um país onde a grande maioria vota em branco, farta dos políticos. Escreve o Daniel Oliveira, num comentário a um longo "post" seu no Barnabé, sobre o lançamento do livro: «Vota tudo em branco, mostramos que estamos todos muito zangados, e construímos o quê? Umas das coisas que me faz gostar de coisas como o Fórum Social Mundial [FSM] é que, para além do protesto, debate alternativas e quer acrescentar democracia à democracia. Pode demorar ou não servir para nada, mas tem a honestidade de tentar. Votam todos em branco porque estão todos muito chateados com os partidos. E pergunto-te agora eu: ok, e depois? Que raio de caminho!»



Eu já votei em branco. No referendo do aborto, descontente com «a barriga é minha» dos pró-despenalização e dos pró-vida pouco preocupados com outras vidas. E acho que, assim, estou a ter a honestidade de tentar mudar. Por uma vez, dentro do sistema, fora dos partidos. Porque um movimento alternativo como o FSM faz-se à margem dos partidos. Porque não devo ser obrigado a escolher entre A e B, quando os dois radicalizam opções, sem espaço para procurar novos campos de debate. E um voto em branco é mais forte - e menos mau - que a abstenção. Voltarei ao tema.

Março 29, 2004

Serviço público (como a PT nos rouba)

Miguel Marujo

Foi anunciado: a Portugal Telecom chegou a acordo com a Deco por causa da famosa taxa de activação que nos cobrou ilegalmente em 1998 e 1999. Depois da condenação em tribunal, a PT pediu a todos os seus clientes que entregassem as facturas daqueles anos para poderem reaver o dinheirinho. A Deco voltou a protestar e conseguiu borlas para os telefonemas feitos pelos clientes da PT, a 15 de Março, entre as 19 horas e a meia-noite, e em todos os domingos, de 21 de Março e 13 de Junho. Dias depois - porque as outras operadoras protestaram por discriminação dos seus clientes que, entretanto, tinham saído da PT - a operadora quase monopolista anunciou que, para fazer as chamadas à borla, é preciso teclar o prefixo 1070.



Duas dúvidas:

1. E quem fez chamadas a partir de telefones PT sem o prefixo, nos dias à borla?

2. E quem entregou as facturas para ser reembolsado? Vai ficar a ver navios?

Março 29, 2004

«Who The Fuck?»

Miguel Marujo

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PJ Harvey anunciou o seu novo álbum para 31 de Maio. «Uh Hu Her» tem um alinhamento sugestivo, avaliando (para já) os títulos das canções que fazem o álbum composto, tocado, produzido por PJ:

1.The Life and Death of Mr Badmouth, 2.Shame, 3.Who The Fuck?, 4.The Pocket Knife, 5.The Letter, 6.The Slow Drug, 7.No Child of Mine, 8.Cat on the Wall, 9.You Come Through, 10.It's You, 11.The End, 12.The Desperate Kingdom of Love, 13.The Darker Days of Me & Him.

Março 29, 2004

A esquerda sem ideias

Miguel Marujo

Paulo Varela Gomes é académico de Coimbra. Transformou-se em míssil e acertou em cheio no xeque Yassin, senhor indesejável para a paz no mundo. Mas as posições de PVG não favorecem também a paz. A malta do Barnabé azedou com esta esquerda trauliteira, mas Ivan, o "teguível" (nadador-salvador da Praia onde PVG se travestiu de míssil), invoca a adolescência comum em que vertiam azedume sobre o Papa e a irmã Lúcia, que seriam «senis» (falarão do mesmo Papa que clamou contra a guerra do Iraque?). Eu, de esquerda, católico militante, pacifista convicto (palavra que horroriza a direita blogosférica e a esquerda missística), não gosto de frequentar uma praia sem ideias e que para rebater argumentários alheios prefere babar-se com imagens ridículas...

Março 29, 2004

O verdadeiro Eixo do Mal

Miguel Marujo

1. Suharto (Indonésia), 2. Ferdinand Marcos (Filipinas), 3. Mobutu Sese Seko (Zaire), 4. Sani Abacha (Nigéria), 5. Slobodan Milosevic (Jugoslávia), 6. Duvalier (Haiti), 7. Fujimori (Peru), 8. Lazarenko (Ucrânia), 9. Arnoldo Alemán (Nicarágua), 10. Joseph Estrada (Filipinas).



[todos estes países estão/estiveram na "lista de preocupações" da Administração americana...]

Março 26, 2004

Audiências

Miguel Marujo

Mistérios de um bloguímetro. Em dia de muito trabalho e poucas postas (uma longa citação), as nossas audiências têm um dos seus melhores dias. Coisas. No fim-de-semana desceremos a níveis merecidos.

Março 26, 2004

Os terrorismos (uma análise lúcida)

Miguel Marujo

«[...] Sempre houve terroristas e sempre se acabou por negociar com os terroristas, passados os primeiros tempos em que só a vingança e o extermínio deles até ao último eram admissíveis. Ontem mesmo, na sua tenda do deserto, o agora "honourable" Muammar El Kadhafi, responsável directo por Lockerbie - o maior atentado terrorista cometido na Europa -, recebeu o "premier" inglês Tony Blair, um dos arautos principais da guerra "antiterrorismo" contra o Iraque. Kadhafi está assim de volta ao "mundo civilizado" [...].



Dirão que agora é diferente. Que agora se enfrenta um inimigo sem rosto nem causas, que proclama amar a morte, enquanto nós, ocidentais, amamos a vida. A frase é, sem dúvida, de uma bestialidade desumana, mas compromete apenas aqueles que põem as bombas ou que mandam pô-las, não aqueles que são supostos representar. Nada nos autoriza a presumir que seja diferente a dor dos palestinianos que choram os seus mortos da dos israelitas que choram os seus. Não há mortos injustos e mortos justificados, assim como não há terroristas sem perdão e terroristas legítimos. Não alcanço a diferença entre o terrorismo do xeque Yassin, chefe de um bando de assassinos, e Ariel Sharon, que o mandou assassinar, em nome de um terrorismo de Estado praticado às claras e assumidamente. É certo que, quando pratica os seus "assassinatos selectivos", os seus bombardeamentos sobre campos de refugiados civis ou a destruição das casas das famílias dos suspeitos, Israel está a exercer um direito de autodefesa, o direito de viver em fronteiras seguras, dentro do seu próprio Estado. Mas aí é que reside o problema: Israel tem um Estado e fronteiras e os palestinianos não. [...]



A ideia de que o terrorismo originado pelo fundamentalismo islâmico não tem causa - logo, não pode ser parte em negociações - é uma ideia preguiçosa e perigosa. Tem sim, tem uma causa, e todos sabemos qual é: chama-se Palestina. [...] A justiça devida aos mortos de Manhattan foi posta entre parênteses para que George W. Bush pudesse ganhar a sua guerrazinha pessoal contra Saddam Hussein. Perdeu-se tempo, credibilidade e andou-se para trás, no que verdadeiramente interessava.



Há, pois, outro caminho. E esse caminho não é ir ao Afeganistão convidar Bin Laden a sair da gruta e vir negociar a Genebra. Não é disso que se trata, quando se fala em negociações. Trata-se de desarmar a popularidade de Bin Laden no mundo muçulmano, de desarmar politicamente o terrorismo islâmico. [...]»



Miguel Sousa Tavares, «E Não Se Pode Exterminá-los?», in Público. A ler na íntegra.

Março 25, 2004

O tempo

Miguel Marujo

Enquanto Anthimio de Azevedo protesta pelo fraco tempo que se abateu nas televisões, o Rui obriga-me a visitá-lo todos os dias. Por vários amores, por alguns ócios, mas também para saber o tempo que faz em Aveiro. Assim transporto-me até lá e imagino a bátega que cai de todos os lados, o vento que traz o cheiro de Cacia ou a humidade que se entranha nos ossos e nos canais da cidade.

Março 24, 2004

Jornalismo de causas

Miguel Marujo

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Há dias o Greenpeace protestou em Londres contra a guerra. No mesmo dia em que por todo o mundo, milhares de pessoas saíam à rua pela paz. «Time for truth», lia-se na bandeira desfraldada no Big Ben. Nesse dia, a CNN deu conta dos protestos. O texto lido dizia qualquer coisa como: «Dois activistas do Greenpeace escalaram o Big Ben para desfraldar uma bandeira. No final, foram detidos». As imagens omitiram convenientemente a bandeira. O texto não esclareceu que frase tinha sido mostrada. Só na SIC, mais tarde, pude ver a bandeira e a "perigosa" frase. De facto, a comunicação social portuguesa está tomada pela esquerda...

Março 23, 2004

Um assassinato

Miguel Marujo

«The Yassin assassination was justified, no less so than American assassinations of Osama bin Laden and his cohorts would be justified. But 'justified' does not mean necessary and wise.»

Editorial do Haaretz, 23/3/04.

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